O trabalho é criação de Deus para dignidade do ser humano. É justamente por ter tanta relevância na vida das pessoas que o trabalho precisa ser objeto contínuo nas discussões cristãs. É por esse motivo que o labor humano tem uma dimensão espiritual e foi entregue por Deus a Adão e Eva com propósitos perfeitos e muito bem definidos. No contexto do Éden, o trabalho era plenamente integrado com as práticas de espiritualidade que o primeiro casal desempenhava (Gn 2,15; 3,8). A desobediência do primeiro casal deu início a uma desconfiguração desse contexto inicial criado por Deus. O trabalho passou a ser penoso e o castigo que Adão recebeu foi justamente ter de trabalhar demasiadamente para tirar da terra o seu sustento com muito suor no rosto (Gn 3,17-19). O trabalho, portanto, passa a não ser mais uma atividade prazerosa para a humanidade, e inicia-se um processo de desintegração que vai afastando o trabalho das práticas de espiritualidade. Com o passar do tempo, o pecado atinge toda a humanidade e muitos processos de exploração de pessoas iniciam. O aspecto dramático do trabalho envolve a designação da situação comovente que está em torno de aflições, tragédias e sofrimentos na história humana, significativas transformações sociais por conta das consequências do pecado. Não é uma tarefa fácil; em muitos casos, parece ser um contrassenso discutir espiritualidade no trabalho, mas é emergente e necessário para tornar o ambiente de trabalho mais justo e humanizado.